Cada vez mais temos estágios em que nem ajudas de custo são recebidas - trabalho escravo portanto - mas que conseguem sempre pessoal competente porque a geração Parva é parva o suficiente para aceitar trabalhar grátis, na esperança de aumentar o currículo e poder eventualmente arranjar um trabalho. É que nem digo emprego, digo trabalho, porque emprego é só para os tipos da geração de 60's que entraram para o mercado de trabalho numa altura perfeita e que agora agarram os seus contratos quase vitalícios com um sorriso quando provavelmente existem pessoas mais capazes no desemprego, num call-center ou a limpar 'algo'. Toda a gente conhece pessoas licenciadas no desemprego ou em trabalhos para os quais têm qualificações a mais.
Portugal sempre foi o país do desenrasca, é algo histórico, sempre nos safámos à última recorrendo ao que conseguíamos inventar à pressão. Como um amigo meu especialista em política e economia me disse à uns tempos:
À cerca de 10 anos uma empresa estrangeira fez uma avaliação ao estado do país, considerando as políticas económicas, e não conseguiram perceber como o país subsistia considerando a terrível política orçamental. A conclusão foi: improvisação extrema.
E Portugal improvisa. Para isso se inventaram os recibos verdes, que para além de serem anti-constitucionais, são usados e abusados e retiram mais de 40% dos rendimentos a quem os recebe. E depois há o trabalho precário, falo de situações em que se trabalha em condições complicadas e em que, por exemplo, se despedem os trabalhadores sempre no mês anterior a terem, por lei, de ficar efectivos... para no mês seguinte os recontratar. Isto é feito aos olhos de todos, mas não devia ser permitido ou aturado!
Mas tudo começa com o problema da educação que tratei num post anterior. A educação não está a educar. E como exemplo posso dar esta entrevista-tipo feita a quem quer entrar numa empresa da área informática (para programar, neste caso), na escola onde estou menos de 5% dos finalistas seriam capazes de responder a um par de perguntas, nem digo metade, mas um par de perguntas! Mas nem vou elaborar mais esta parte, deixemos para depois. : )
O que me suscitou este imenso rant foi um artigo pela vaca inglesa do Destak - Isabel Ainda Está Bem - que demonstra uma verdadeira alienação ao que se passa pelo país real, e que ataca toda uma geração pelos erros de uns poucos. Porque nem todos estão em casa a coçá-los cravando os paizinhos, sem estudar ou trabalhar, sem tentar encontrar soluções... e a prova é a quantidade obscena de estágios gratuitos (este número tem crescido exponencialmente) e de trabalhos da treta que são ocupados por pessoas com demasiadas qualificações. Isto leva ainda à ocultação de dados nos CV! "Epá! O teu currículo é muita bom, tens de reduzir isto, senão emprego nem vê-lo! Hu?! Are you for real?!"
E para isso serve o direito ao protesto. Parece que anda por aí um rebuliço conhecido por Geração à Rasca (olha uma nova!) que se vai manifestar a meados do próximo mês em Lisboa e no Porto. Parece que no Facebook estavam confirmados 20.000 manifestantes, vejamos se metade deles conseguem efectivamente juntar-se. : )
Porque o país está mal, mas estas injustiças sociais apenas levam a que quem tem capacidade e qualidade procura lá fora o que não encontra cá dentro. Eu provavelmente irei para fora, e muitas pessoas capazes da minha geração (pah, não sei qual é o nome da minha geração, chamemos-lhe a Geração Sexy) irão também. E isto é terrível para o país! Há Portugueses que são referências nas suas áreas, há mas não cá. Tiveram de emigrar!
Concluo com um grande vídeo extremamente interessante!
Estou de cama, doente, parece que a minha cabeça vai explodir :-(
Kenny.